quarta-feira, 27 de abril de 2011

Uma ilha perdida - Amantani

Saimos de Puno cedinho, as 8am, e depois de umas 3 horas de barco, Chegamos a Amantani. Literalmente uma ilha perdida no meio do lago titicaca. Subimos por uma trilha.. Subimos.. Subimos.. até o pico mais alto.. até onde a agua e a terra eram incrivelmente maiores do que poderiamos sequer imaginar. Eu estava exausta.

Uma sensação indescritivel, quando vc ta a 4200 m de altitude, em cima de uma montanha, numa ilha deserta, vendo agua por todos os lados, teus olhos se enchem de lagrimas e o coracao aperta. Aperta por estar vivo, aperta por ver tudo aquilo.
Eu subi a cavalo, o que foi um aventura.. deliciosa por sinal! Há mtos anos eu nao andava a Cavalo e foi uma delicia!


Foram cerca de 30 minutos de caminhada para descer e encontramos uma familia local para o jantar. Iamos dormir na Ilha, na casa de uma familia local. Chegamos a cozinha, o chao batido de barro, um fogao artesanal, um cheiro de munha(planta tipica) que inundava todo o ambiente e ali comemos uma sopa incrivel. Pouca comida, e tudo muito simples mas estava bom.

Nosso quarto era limpo, mas sem luz eletrica, claro! Apenas duas velas e uma caixinha de fosforos.

Depois do Jantar, fomos ao quarto para descansar um pouco quando bate a porta a "mae" da familia em que estavamos com uma trouxa imensa , entrou , pediu q eu ficasse de pé e comecou a me vestir com um saiote, blusa, cinto, igual ao dela.. eram roupas tipicas,  para que fossemos a uma festa que teria na ilha naquele dia. Lanternas nas maos e lá fomos nós, por entre um caminho de mato e pedras até chegar ao salao onde seria a festa. 
A musica tipica e tudo muito interessantemente diferente.

A festa acabou e voltamos para a nossa casa. Consegui um pouco de agua para lavar as maos e escovar os dentes, uma vez que não há agua encanada lá.  Antes de me deitar desci e caminhei um pouco sozinha pela ilha.. e o ceu estrelado era como um manto cobrindo a magia daquele lugar. O barulho da noite e a escuridao tomavam conta de tudo com luz das nossas lanternas, e nao precisavamos de mais nada.


A casa feita de barro batido, o chao tambem de barro e em volta de mim o mundo.. o mundo sem todas as facilidades que temos hoje.



Deitei. Dormi. Sonhei. E foi Bom! Sim! As 6am acordamos para tomar o cafe da manha. Com o pouco de agua que havia sobrado lavei o rosto e comemos uns paezinhos com um chá. Descemos de nossa casa até o pé da ilha para pegar o barco de volta - cerca de mais uns 20/30 minutos de caminhada por entre pedras e mato.

Tudo foi bom. Tudo foi aventura e obviamente.. nao havia chuveiro, muito menos agua quente, nem eletriciadade, e o banheiro era uma latrina improvisada e tinhamos que levar um balde com agua para usar. Não haviam muros, nao haviam grades, nao há violencia.. lá todos são livres a sua maneira. Por que os costumes e as tradições acabam impondo o ritmo da vida das pessoas de Amantani. 


Essa experiencia foi das mais incriveis, por que a realidade desse povo é muito diferente da nossa. Eles só vão à "civilização" 2 ou 3 vezes por ano para comprar alguns mantimentos basicos e toda a economia da ilha funciona a base de troca. A maioria dos nativos ainda fala Quechua (o idioma dos incas). Tirando a parte turistica, eu me senti entrando num tunel do tempo e conhecendo a vida sem a tecnologia e a industrialização que já esta tão irraizada na nossa cultura.

Entramos na lancha, para regressar e eu senti agradecida e com sorte por estar viva para viver tudo isso.. e de ter a mente aberta para compreender.. de ter o coracao livre para nao julgar.

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